domingo, 28 de julho de 2013

Velhos (Des)conhecidos

Nós, que fizemos promessas implícitas em silêncios
Que falamos sobre absolutamente tudo, sem pudores
Que estivemos juntos mesmo quando não estávamos perto
Nós, que contamos segredos, compartilhamos aflições, desabafamos angústias
Que abraçamos alegrias
Que trocamos olhares, juntamos bocas e entrelaçamos mãos.
Nós, que nos fizemos entender em pensamento
Que dissemos muito, mas queríamos ter dito mais... Feito mais.
Nós...
Velhos (des)conhecidos, dois seres aleatórios entre muitos, com tom cordial, palavras medidas, insegurança na fala
Nós, que bagunçamos lençóis, hoje arrumamos desculpas
Duas formalidades, uma parede.
Um abismo unido apenas por um fio de memória que ambos fingem não existir
Como velhos desconhecidos desinteressados, em uma relação esporádica superficial
Nós, um incômodo, um constrangimento, uma casualidade.
Voltando ao ponto de partida
A minha partida. Tão necessária. E, finalmente, concreta.
Nós. Eu e você. Eu, você. Velhos. Desconhecidos.

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